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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ruas com nome de poetas




Amor  Nascente
Não caibo no meu peito, de feliz.
Minha alegria irrompe, vem  p'ra fora.
Estou (dizem-me) feita uma senhora.
Bem haja o Criador que assim o quis.

Olha um homem p'ra mim e, se me diz
seja o que for, a minha face cora…
Quinze anos… Pois que mal vos fiz agora,
Minhas duas amigas, que mal fiz,

P'ra serem contra mim, sempre ao contrário:
«Já viram? a Maria do Rosário,
«Tão nova, a namorar, não tem preceito!»

…Quinze anos, tró-ló-ró, que vão à fava:
Trago no peito uma rolinha brava,
Trago um frémito de asa no meu peito…
                              Emiliano da Costa, Rosairinha



ELES,OS RÚSTICOS

Sol. Domingo. Olha a moça casadeira

Com a sombrinha aberta perluxando:

- Ela, que leva os dias  labutando

No campo, hoje detesta a soalheira!



- E ele, com o seu bouquet, essa algibeira
Onde está o lencinho esvoaçando,
O berloque da libra subornando,
E (sendo analfabeto) a lapiseira!...

  Sombra e sol. Vai a rua em duas cores
Ardentíssimas, uma paralela
À outra, faxa azul, faxa amarela…

O sol e a sombra ! Afogueando amores,
Apesar da caneta e dos flavores
Da libra, a sombra é ele, o sol é Ela!
                                                Emiliano da Costa, Rosairinha


Augusto Emiliano da Costa nasceu em Tavira  a 31 de Dezembro de 1884, onde o pai era militar e morreu em Estoi a 01 de Janeiro de 1968, onde vivia.
Nasceu poeta e fez-se médico.
Emiliano da Costa é um puro algarvio, apaixonado da luz, da cor, do sol, da terra, do mar e da paisagem.
Ao poeta da vida e da reflexão não passava despercebida a maneira de ser e sentir do povo da sua terra.
As suas obras principais são: Helianthos, Phlogistos, Rosairinha, Elitros, Apontamentos e Intimidades.
Foi tema da tese de Mestrado da Drª. Maria Gabriela Sousa e Silva publicada em livro "O olhar, a escuta e o sentir" em Emiliano da Costa.
 


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Ruas com nome de poetas





O Poema
 
 O poema não é o canto
que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.

É o pensamento que exclui
uma determinação
na fonte donde ele flui
e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem
para lá do homem se atreve.

Os acontecimentos são pedras
e a poesia transcendê-las
na já longínqua noção
de descrevê-las.

E essa própria noção é só
uma saudade que se desvanece
na poesia. Pura intenção
de cantar o que não conhece.

                                                                       Natália Correia, in "Poemas (1955)"

 


Para mais informação aqui.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ruas com nome de poetas

 
 


Amar! 

 Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

                                                              Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"





Para mais informação aqui

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ruas com nome de Poetas







Dia de Anos
               
Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
Vinte e seis anos! Que tolo!
Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!
                           João de Deus, "Campo de Flores" 

O poeta João de Deus, 1830 - 1896, nasceu em São Bartolomeu de Messines,as suas poesias foram reunidas na colectânea "Campo de Flores" e é um dos grandes poetas que cantaram o amor.
Dedicou-se à pedagogia e publicou a Cartilha Maternal que passou o ser o método utilizado para a aprendizagem da leitura e  foi por aí que algumas gerações aprenderam a ler.
Para obter mais informação,aqui

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ruas com nome de poetas


Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebasteão,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

                                                     Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Autopsicografia na voz de Paulo Autrun



Olhando a sua biografia aqui

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ruas com nome de poetas


DESTINO
 Quem disse à estrela o caminho  
Que ela há-de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta «Florece!»
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?

Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há-de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai!, não mo disse ninguém.

Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela,
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino .
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'





Para saber mais ver aqui biografia

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ruas com nome de poetas



Verdes são os campos

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

              Luís de Camões


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